Iniciamos uma aula teórica indicando os artistas que iriam ser utilizados para as representações dos períodos artísticos. De acordo com as apresentações, argumentamos sobre os temas e disponibilizamos subsídios para complementar a pesquisa. Distribuímos entre os alunos uma apostila sobre a elaboração de croquis, que foi discutida na aula posterior.
Seguem as analises dos indumentos de cada obra:
Seguem as analises dos indumentos de cada obra:
Sandro Botticelli “A Alegoria da Primavera(1482)
Indumentária dos personagens:
Zéfiro: se cobre somente com uma peça de roupa que de tom esverdeado assemelhasse com uma capa lisa e esvoaçante, porém de aspecto denso que é disposto sobre o ombro direito, e passando por baixo do braço esquerdo descendo até a estenção das coxas envolvendo seu corpo. Capa com modelo semelhante a esse eram geralmente usada por gregos sendo denominadas de clamide (Manto dos antigos gregos, preso ao pescoço por um broche) e himation( Um tipo de chalé de lã geralmente usado sem pinos) pode ser comparada também a toga(De início, a toga apresentava uma forma retangular e curta, mais tarde, passou a ser semicircular, tendo o seu tamanho aumentado consideravelmente: a toga chegou a atingir aproximadamente 6 metros no lado recto e 2 metros de largura. Por isso, era difícil de usar, os romanos mais ricos possuíam um escravo encarregado de ajudar nesta tarefa) utilizada pelos romanos.
Cloris: Esta como já havia sido mencionado está envolvida por uma espécie de véu branco diáfano que por sua transparência revela o vulto das flores ao fundo. Esse véu assemelhasse com uma túnica, pois envolve os braços até o cotovelo porem é reproduzida com a transparência da Gaze de seda e em sua barra podemos observar uns leves detalhes em tons dourados.
Primavera: vem trajada em um vestido que remete ao século XV distanciando-se da antiguidade, toda a ornamentação deste indumento é composta por flores, bordada com padrões florais variados, em seu decote arredondado podemos observar uma guirlanda de flores, e abaixo dos seios um ramo de roseira, em seus braços podemos observar uma espécie de maga de um tecido que assemelha-se a renda com detalhes dourados que cobre um tecido mais fino semelhante a gaze, as mangas do vestido cobrem essa possível manga de renda, e em todo acabamento do vestido podemos visualizar uma espécie de bico de renda com detalhes dourados e formato de folhas, seus cabelos vem adornado com flores.
A Venus: Traja um indumento de característica heterogenia, pois observa-se a influência do clássico na túnica de linho acinzentado quanto a parte retangular que vem deste abaixo do busto ate o tornozelo assemelhando-se a um quiton que também seria uma peça retangular no entanto é preso aos ombros por fechos, em contrapartida a parte superior do traje da Vênus consiste em modelar o busto como uma espécie de bojo que acompanha o formato do mesmo e não simplesmente amarram abaixo dele como era o comum. Abaixo desse possível bojo podemos observar ornamentos dourados que acomodam o medalhão dourado com um detalhe central vermelho que é preso por uma corrente que vem adornando a parte superior desse bojo, em volta do decote quadrado do vestido observa-se mais ornamentos de coloração dourada. As mangas como era comum na época eram feitas maiores do que deveriam, no entanto eram ajustadas com pregas e franzidos causando um efeito fofoquinha no comprimento do cotovelo ao ombro, e ajustado do punho(que tem detalhes dourados) ao cotovelo.
A Vênus segura uma espécie de manto de tecido aparentemente pesado assemelhando-se ao veludo, com detalhes quadrados em seu lado direito que está na cor vermelha e avesso esverdeado o qual é adornado de forma mais detalhada com quadrados e flores que os intercalam, este manto aparenta ser uma peça utilizada pelos gregos denominada himation que segundo Hebert Noris poderia ser usada de sete formas diferentes no entanto nem uma dessas formas se assemelha a utilizada pela Vênus, pois como esta peça servia pra proteger das intempéries normalmente envolvia boa parte se seu corpo de forma a agasalha-lo, no caso da Vênus é como se ela estivesse apenas o segurando pois ele segue de sua cabeça ao ombro e braço direito sendo segurado pela mão esquerda. No acabamento desse manto observamos um bordado de florezinhas esverdeadas e tamanho delicado, bem como uma espécie de franja com finalizações circulares de tom semelhante ao avesso do manto.
Em seus pés podemos observar uma sandália rasteira de tirinhas muito finas e delicadas que envolve toda a extensão do pé iniciando entre os dois primeiros dedos finalizando no tornozelo como um espécie de teia.
As Graças: todas estão vestidas com peças de tecido semelhante que diferentemente da ninfa aparenta ser menos transparente porem de coloração esbranquiçada, no entanto o modela da vestimenta delas são distintos, a primeira graça contando da direita para a esquerda traja uma espécie de vestido de mangas bufantes na atura dos ombros e ajustado no cotovelo semelhante as utilizadas pelas damas do renascimento, seu busto é marcado e envolvido por uma espécie de telinha que assemelha-se a uma renda, que aparentemente foi sobreposto ao vestido, em seu pescoço está disposto uma espécie de corrente de trança feita de seus próprios cabelos que sustenta um amuleto, com uma pedra central vermelha e outras três de cor acinzentada com aparência de perolas. O decote do vestido e cortado em v, e seus cabelos é adornado com uma espécie de tiara de perolas, seu penteado é composto de um coque que é preso com tranças do próprio cabelo. A graça que esta no meio traja uma indumentária de um ombro só, com manga longa que ultrapassa a extensão de suas mãos e que tem uma de fenda aparentemente lateral que inicia em media dez centímetros abaixo do ombro onde é levemente franzida, o decote está todo decorado com bordados dourados seguidos de uma bainha aberta e finalizado com uma franja de terminal circular. Seus cabelos são pesos e possui uma coroa de tranças, a bainha do traje também é trabalhada com uma espécie de bico delicado de renda. A ultima graça está trajada com uma peça que aparenta ter mais de uma camada assemelhando-se a uma túnica de manga longa com leve franzido aproximadamente dez centímetros abaixo do ombro, seu decote é quadrado com leve franzido, ainda podemos observar uma espécie de top com alças largas por baixo da túnica preso por um fino cordão na parte das costas, onde ao centro da frente esta disposto um broche adornado com uma pedra vermelha central cercado por quatro perolas acinzentadas. A bainha do traje parece ser finalizada com ponto de luva, e no centro de sua cabeça apoiado sobre os cabelos esta disposta uma única perola.
Mercúrio: Seu traje assemelhasse com o dos clássicos a exemplo do peplo que era uma peça retangular utilizada apenas pelas damas, bem como o quíton(era utilizado pelos soldados por baixo das armaduras que já foi mencionado, visto que a peça passa por baixo do braço esquerdo sendo preso no ombro direito, fazendo o peito esquerdo ficar descoberto e as laterais abertas. A peça de mercúrio ainda assemelhasse com a clâmide que era utilizada pelos homens principalmente no período da guerra. O tecido de mercúrio e de tonalidade vermelha e apresenta detalhes em dourado com pedrarias esverdeadas em seu acabamento. A respeito de seus pés era comum o uso de sandálias e botas, todos confeccionados em couro e com solado do mesmo material. A bota que Mercúrio calça é presa aos dedos e aparentemente sem solado atrás da bota observam-se asas de mesma coloração do couro da bota, e frontalmente visualiza-se um traçado para amara-la, em seu cano está disposto um tipo de pala com uma prega de coloração metálica.
O cupido: Este apresenta-se desnudo com apenas uma tala vendando seus olhos
A relação do artista com a indumentária:
Botticelli aparenta um pintor preocupado com todos os pormenores da indumentária, sem inventar peças de roupa fantasiosas e jamais esquecendo de detalhes relevantes, o fato de ter sido ourives pode ter influenciado em sua delicadeza e minúcia na execução de sua obras pois desde a antiguidade era comum que se levasse artigos do vestuário para a ourivesaria para a aplicação de ouro e prata, e provavelmente Botticelli deve ter desempenhado essa atividade visto que em suas obras podemos observar detalhes dourados nos indumentos, bem como um conhecimento detalhado no que se refere ao vestuário o que é refletido em suas representações.
Van Eyck “O casal Anolfine (1434)”
Indumentária dos personagens:
Giovanni de Arrigo Arnolfini: Apesar da ambientação sugerir verão, ou primavera ele utiliza uma sobreveste sem lados aberta nas laterais (plackard) e esta vestido com uma pesada túnica que revelam sua alta posição socioeconômica, ele ostenta o “tabardo” (antigo capote, de mangas e capuz) escuro e sóbrio ( cujos remates de pele de marta custavam caro). Sua cabeça é adornada com um chapéu também de coloração escura remetendo ao preto, e seus pés estão descalços parecem estar cobertos por um tipo de meia-calça justa e escura.
Jeanne ou Giovana Cenami: A testa da senhora Arnolfini é enorme, parece que perdeu cabelo à frente, mas não é verdade. No tempo em que viveu Jan van Eyck era moda as senhoras da aristocracia e alta burguesia raparem a parte da frente do cabelo. Era considerado um sinal de beleza. A senhora parece grávida, mas o casal nunca teve filhos(esse facto alimentou uma outra tese sobre o quadro: a de que se trataria de um ato de exorcismo, uma espécie de cerimónia para recuperar a fertilidade).Era moda, então, as senhoras Puxarem as saias para cima na zona da barriga, daí o volume. Note-se que acima das mãos dadas paira um gárgula, que poderia simbolizar a maldição do casamento. Seu vestido é verde (remete fertilidade) de modelo côte-hardie (túnica usada sobre a camisola, que é vestida pela cabeça, visto que não existia botões) abaixo do busto podemos observar um boldriés (cinturão apertado) seus cabelos com um penteado característico da época dois coques cobertos por um lenço que aparentemente era de um linho pesado e trabalhado com uma espécie de renda de algodão em todo o seu acabamento. Uma pele alvíssima era um outro ideal de beleza. As saias em forma de sino eram muito largas e compridas, alcançando até cinco metros de altura em sua extremidade, além de acompanhar uma eventual calda, como é o caso do vestido analisado, o comprimento do vestido deveria cobrir os pés no caso das mulheres de classe alta, em contra partida os das mulheres trabalhadoras eram mais curtas. As mangas do côte-hardie eram compridas e trabalhadas, e por baixo desta peça geralmente vestia-se uma espécie de túnica que no caso da de Giovana é azul com aparência de textura amassada e acabamento dos punhos em dourado.
François Boucher “Madame de Pompadou”
A madame de pompadour esta trajando um lindo vestido de cor esverdeada com um modelo característico do estilo rococó que se caracteriza como sendo uma celebração do chic da harmonia e do prazer de viver, esta reproduzida nesta imagem tanto a beleza do vestido quanto o refinamento de quem o veste. Podemos observar o volume da saia bem como o corset apertado que caracterizava elegância na época, ainda estão presentes flores artificiais posicionadas em seus cabelos e ombro e bordados dourados dispostos em todo o acabamento do vestido e das mangas do mesmo, bem como um enfeite de renda adornando seu pescoço. Na parte do corset que compõe o vestido podemos observar um leve trançado que parte do busto até a altura da cintura, e ao final percebemos um acabamento com bordados e adereços, as mangas são bufantes porem não são exageradas, e nota-se que esta presa na altura acima do cotovelo(causando volume) por um tipo de laço adornado com pedrarias acompanhado o modelo do acabamento do punho. Sua pele tem uma aparência de pálida, com as bochechas rosadas dando um ar de boneca de porcelana. Sua silhueta destaca-se ainda mais devido o volume da saia elíptica com seus paineres em contraste com o corset ajustado que causa um efeito de cintura finíssima. O tecido aparenta ser tafetá de seda devido seu volume armado e brilho fosco, e textura de amassado.
Pierre Auguste Renoir “O Passeio (1870)”
Personagens e indumentárias
A mulher: usa um modelo tipicamente usado no final sec. XIX , composto por uma parte superior vestido mais ajustada que segue até a cintura que é marcada por um laço azul, aparenta esta usando uma sobre-saia, observa-se ainda uma mantilha(tipo de gola que poderia ser de vários tamanhos), suas mangas não são bulfantes diferentemente do usado na época, e em sua cabeça visualizamos um chapéu ornamentado com flores como era de costume para o período. Observamos ainda brincos dourados de forma circular.
Gustav Klimt “Retrato de Adele1907”
Breve comentário a respeito da indumentária e Gustav Klimt.
Na Viena o pintor Gustav Klimt criou vestimenta onde se interligam sonhos e carnalidade. Líder da sensação Klimt realizou obras singulares pela proximidade com a abstração nas formas decorativas e pelo forte erotismo. Supõe-se que klimt tenha desenhado vestidos para serem feitos pelas Oficinas vienenses, fundada em 1903, um grupo de arquitetos, artistas e designers, que se rebelaram com o academicismo da arte oficial e adotaram um novo estilo artesanato, os materiais inéditos,coloridos, a procura de uma integração entre todos os elementos do design incluindo o vestuário como parte de uma visualidade total. Klimt criou com sua companheira Emilie Floge que dirigia um dos ateliês de alta-costura mais conhecidos de Viena uma serie de túnicas soltas que dispensava o uso de espartilhos e era ornamentadas com motivos brilhantes e contrastes de texturas.